sexta-feira, 20 de maio de 2011

Que história é essa de Geração Y?

Quem são esses jovens que estão abalando as estruturas das organizações, fazendo com que seus líderes se desdobrem em estratégias criativas capazes de reter seus talentos?
Nascidos nas décadas de 80 e 90, eles são ousados, questionadores, confiantes, criativos, facilmente adaptáveis a mudanças, contudo sem a mesma noção de autoridade hierárquica e o formalismo das gerações que os precederam. Têm pressa, estão focados em carreira, nem tanto em fidelidade.
Esses são os jovens que tiram o sono dos profissionais da educação já há mais de duas décadas. Filhos da geração X, que viu ruir a ditadura militar, questionou e desafiou proibições e que, acreditando na ideologia da construção de uma sociedade democrática, educou filhos e alunos para discutir paradigmas, protestar, fazer valer seus direitos etc.
Ora, por que a perplexidade diante do comportamento desses jovens? Eles foram educados para serem assim, e são. Sucesso absoluto! Parece que o incômodo reside justamente no fato de que quando educamos para a autonomia, para desenvolver o espírito questionador, não esperávamos que esse comportamento fosse direcionado a nós mesmos, ou melhor, não esperávamos um comportamento que revelasse um estilo de vida tão diferente do nosso.
Sim! Eles conversam nas redes sociais, estudam, se alimentam, ouvem música, tudo ao mesmo tempo! Há trinta ou quarenta anos, os pais ficavam indignados vendo seus filhos estudando com o som ligado e os livros espalhados pela cama, esbravejavam: “Como é possível estudar desse jeito?!”.
Conflito de gerações: Este é o ponto.
Os jovens da geração Y precisam ser “olhados através de outras lentes”. Perspectivas de longo prazo sem planos de curto prazo não os seduzem, imposições sem significado não os intimidam, argumentos sem coerência não os convencem. E a tarefa não está acabada, a participação das outras gerações nesse movimento é imprescindível! Eles esperam por intervenções em suas ações, sabem o que os mais experientes têm a lhes oferecer e estão ávidos por isso, querem se sentir desafiados, necessitam de mais flexibilidade e liberdade, de propósitos.
Transpor modelos de comportamentos arraigados em padrões já tão familiares às condutas humanas não é nada fácil, mas que tal se pudéssemos compor os padrões e “orquestrar” as diferenças a favor de uma melodia mais suave e harmoniosa?

2 comentários:

  1. Esse é um dos principais dilemas atuais das organizações que precisam de mão-de-obra jovem para compor seus quadros: como obter resultados de curto e médio prazo contando com a atitude muitas vezes dispersiva e às vezes intempestiva dos jovens, lembrando que os líderes usuais têm vivência mais tradicional e pouca paciência... Angeli e colegas educadores e de RH, há algum programa de competência para gestores, que aborde liderança participativa com Ys? Existe algum treinamento eficiente diretamente feito para os jovens Ys aumentarem o seu potencial de contribuição a empresas tradicionais, mesmo conectados em tempo real a Orkut, Facebook, Linkedin, Quepasa, SMS, etc.?

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  2. Emílio, como você bem lembrou, as empresas tradicionais, do ponto de vista de seus modelos de gestão de pessoas, precisam do trabalho do jovem. Vamos partir dessa premissa para entender que não as resta outra opção, além de modernizar esses processos a fim de obter mais sucesso em seus resultados.
    Ocorre que a amplitude etária dos Ys é bem grande, e não se pode desconsiderar as diferenças que se revelam em cada período. Para análise, vamos ponderar sobre a faixa etária de 16 a 20/22, período inicial de trabalho desses jovens.
    Como já falamos, flexibilidade é uma das palavras-chaves. É claro que, dependendo do grau de atenção requerido pela tarefa que desempenham na empresa, não se pode permitir, concomitantemente, o acesso às redes sociais, por exemplo. Aliando isso ao fato de que outra característica deles é a tendência à desmotivação em tarefas longas, penso que planejar períodos alternados, que requeiram menor concentração unilateral e, portanto, sejam menos entediantes, pode ser uma boa opção.
    Quanto ao líder com “vivência mais tradicional e pouca paciência”, quero fazer uma analogia com os professores que trabalham com essa faixa etária nas escolas. Quais são os professores mais bem-sucedidos, que têm mais resultados com os alunos? Os mais autoritários, que impõe regras unilaterais, que mantêm seu foco no conteúdo o tempo todo? Ou, inversamente, são os mais permissivos, aqueles do tipo “super legais”, que sob a égide do “é proibido proibir”, descuidam de sua tarefa formativa? Nenhum dos dois. Os melhores professores são aqueles que congregam o conteúdo e as relações humanas em sua prática, que constroem a sua autoridade fincada em atitudes dialógicas e coerentes, entendem que seu papel é fundamental e não o negligenciam. Sob essa ótica, na empresa, os líderes com vivência mais tradicional devem revisar seus modelos a favor de uma dinâmica de trabalho que articule as visões de pessoas e de processos, considerando ainda que sua conduta deve ser um exemplo a ser seguido, e não odiado...
    Emílio, sobre treinamento e desenvolvimento profissional da geração Y, gestão e liderança, tenho um contato bem interessante, mas preciso de permissão para divulgar, assim que tiver, disponibilizarei aqui no blog.

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