quarta-feira, 14 de maio de 2014

Gustavo Ioschpe, acorde e vá cuidar da Economia!

Com a propriedade de quem trabalha na área da Educação há trinta e dois anos e desenvolve pesquisa na área, diante de mais um artigo infame (para dizer o mínimo) do economista Gustavo Ioschpe, publicado no último domingo, faço algumas observações.

Começo esclarecendo que Gustavo Ioschpe não é um educador, não tem experiência docente, tampouco em funções de gestão escolar. É um economista que, segundo consta, especializou-se em  Economia Educacional, embora não haja nenhum registro na plataforma Lattes/ CNPq em seu nome. 

Não vou me ater a detalhes dessa especialização, porque EU CONHEÇO a área da Educação e sei que não faz parte dela.

Ainda que ele não seja um profissional da Educação, é perfeitamente respeitável que ele faça críticas à Educação no Brasil, afinal, quem de nós não tem críticas a fazer à Educação, à Saúde e à própria Economia. Só não devemos esquecer que, quando falamos de um assunto sobre o qual não temos conhecimento suficiente, falamos do ponto de vista – no caso da Educação – de usuários.

Assim, considerando que Gustavo Ioschpe não é especialista, ou docente, ou algo que o valha na educação brasileira, seria razoável que não falasse tantas bobagens com a propriedade de um expert

Sim, a Educação no Brasil vai mal por vários motivos que, considerados individualmente, não fazem nenhum sentido; é preciso ter conhecimento amplo sobre essa área para entender por que chegamos nesse ponto.

O que as pessoas que não se debruçam na pesquisa sobre os problemas educacionais do país talvez não saibam, é que, há décadas, quem dá tom da Educação no Brasil são os economistas.  Parece absurdo, mas é isso mesmo. Vivemos num país economicamente fracassado, e nossos economistas, como Gustavo Ioschpe, têm sempre a solução para o fracasso da Educação.

O que quero ressaltar aqui não é, especialmente, o desrespeito com que essa pessoa trata os educadores, mas a intenção desse tipo de discurso.

Quando dizemos que o Brasil só vai mudar quando a Educação tiver qualidade, sabendo que este será um processo lento, estamos empurrando a “solução” do Brasil para “depois de amanhã”, para daqui a vinte ou trinta anos, quando o Brasil tiver educação de qualidade.

Esse discurso muda o foco de atenção da política e da economia para a escola, a grande vilã, aquela que emperra o desenvolvimento do país.

Assim, quero encerrar recomendando a Gustavo Ioschpe que cuide daquilo para o qual ele tem formação, e que vai muito mal: a Economia.

E ainda, considerando que não tenho formação para fazer uma análise do discurso dele em seus artigos, não arrisquei dizer bobagens, procurei quem tem, e trago o link do blog BlaBlaBla, em que Ana Maria Montardo faz uma análise das falácias de Gustavo Ioschpe:
As falácias de Gustavo IoschpeMuito bom!

No mais, cabe ressaltar que a participação dos diversos setores da sociedade no debate educacional é, e sempre será muito importante para transformar a Educação de nosso país.


sábado, 10 de maio de 2014

Com que mãe eu vou?


Um casal. Duas mães. Com qual passar o Dia das Mães?

Quem de nós não conhece histórias de desentendimentos familiares em datas comemorativas como o Dia das Mães? Mães que não aceitam ser “trocadas” pela sogra, filhos (as)  que se sentem divididos entre agradar a mãe e o (a) cônjuge etc.

Se buscarmos uma solução objetiva para a questão, teríamos uma proposta: a esposa fica com a mãe dela e o esposo com a dele. Resolvido. E teríamos uma comemoração de meias famílias. Resolvido?

Eu poderia elencar muitas soluções criativas que as pessoas encontram para agradar gregos e troianos nessas situações, mas não é meu objetivo.

Não pretendo apresentar uma solução para esse dilema familiar, somente fazer algumas provocações.

Podemos partir de um princípio inconteste:

O Dia das Mães é uma data criada com o objetivo implícito de obtenção de lucro.

É curioso observar que todas as datas comemorativas acompanhadas da “necessidade” de se comprar presentes não têm nenhuma origem histórica, exceto o Natal. Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados. Quais os fatos históricos que deram origem a cada uma dessas datas? Nenhum.

Alguém poderia argumentar: “Ah, mas o Dia dos Namorados é comemorado no dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro!” Verdade, mas o a história que acompanha a data é a de Santo Antonio, não dos namorados. O Dia dos Namorados foi “instalado” no dia de Santo Antonio, e não por acaso. Poderia ser, inclusive, o Dia dos Casados, mas certamente geraria menos lucro.

Partindo desse princípio, podemos dizer que há muitas convenções a serem desconstruídas, pois não fazem o menor sentido.

Em outras palavras, a questão não seria discutir se o presente deve ser um jogo de panelas ou um jogo de maquiagem, por exemplo, – até porque há mães que não se maquiam e mães que adoram cozinhar com panelas novas e bonitas – a questão é desconstruir essa obrigatoriedade de se comprar um presente.

Penso que – um dos – caminhos deva ser o diálogo em família. As crianças devem ser provocadas a refletir sobre as convenções e não reproduzi-las de forma acrítica. Elas podem, no futuro, escolher adotar todas essas convenções, mas conscientes de que são convenções, o que considero improvável.


Assim, se datas como essa são tomadas como pretextos para agregar a família, ótimo! Mas se, ao contrário, são motivos para desentendimentos, brigas e frustrações, está na hora de rever valores.

Vale lembrar, senhor ministro.

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