sábado, 28 de maio de 2011

Índices de felicidade: O que se pode mensurar?

O que é felicidade para você? O que você responderia se estivesse à mesa de um bar, num happy hour com amigos? E se o cenário fosse uma entrevista de emprego? Ou ainda, como você responderia aos 18, aos 30, aos 50 anos de idade?
Dependendo do contexto em que se situa a pergunta, as respostas podem adquirir as mais diversas nuances. A essas variáveis que se relacionam, sobretudo, às experiências internas de cada indivíduo, especialistas no estudo de índices de felicidade, tem chamado de dimensão subjetiva do bem-estar humano.
Em tempos em que a preocupação com a felicidade individual e coletiva tem assumido lugares relevantes na discussão mundial, as pesquisas apontam claramente para a direção de que a dimensão objetiva do bem-estar humano está realmente ligada a melhores condições materiais, qualidade de saúde, moradia, trabalho etc. Como se justifica, inclusive, a PEC da felicidade, acerca da inclusão do direito à felicidade, “Concluiu-se, com base nesse estudo, que pessoas com maior grau de renda se dizem mais felizes (...)”.
Está posto. Não há, até aqui, como rechaçar a ideia de que as condições materiais são relevantes indicadores de felicidade. Ocorre que é no encontro das dimensões objetivas e subjetivas de bem-estar humano que se pode vislumbrar a tão sonhada felicidade.
Há que se superar, portanto, o erro de confundir satisfação de necessidades com felicidade, já que o campo do desejo é indefinido, o que nos faz felizes hoje pode ser totalmente indiferente amanhã. Neste ponto, vale retomar a velha (e atualíssima!) citação freudiana sobre “alcançar a felicidade”: “Não há uma regra infalível que se possa aplicar a todos”.
Para ser mais diretiva, tenho me incomodado um tanto com as atuais pesquisas de índices de felicidade que tentam abranger a esfera do subjetivo pormenorizando-se em questionamentos sobre hábitos e estilos de vida das pessoas. Preocupa-me, não o instrumento em si, mas o encaminhamento que se pretende dar às informações colhidas, se servirão para humanizar as relações nas organizações ou, inversamente, contribuirão para rotular as pessoas.
Sendo assim, todas as iniciativas que, preocupadas em atender à demanda de felicidade das pessoas, seja pela positivação desse direito ou pela busca de mais humanização nas relações, são potencialmente válidas, desde que não tenham a pretensão (ou a ingênua ilusão) de estabelecer critérios únicos de valores para a felicidade, negligenciando as diferenças e propósitos individuais ou, ainda, desconsiderando a sabedoria antiga, que aqui retomo: “Não temos controle sobre as coisas externas a nós”. Logo, a busca da felicidade pode ser entendida como inerente à condição humana, contudo insaciável por princípio.

5 comentários:

  1. Gostei ! Muito pertinente e profundo. Felicidade tem a ver com expectativas. Quanto mais altas, mais difícil... Grato por compartilhar suas idéias, Angeli.

    ResponderExcluir
  2. Seu artigo é ótimo!!! Vc escreve com doçura e força.Ponha sempre a sua opinião! Parabéns Angeli!

    ResponderExcluir
  3. Gostei muito do que disse, o que me leva a pensar, que neste mundo onde vivemos, somos completamente sugados pelo MEDO! medo de ser velho, medo se ser gordo, medo de não ser rico, medo da morte, medo de dizer o que pensamos, medo de ser assaltado...medo de tudo. os midia são optimos a incutir-nos este sentimento. Posto isto, as pessoas sentem-se "obrigadas" a procurar e encontrar a felicidade no exterior, a comprar coisas e mais coisas, a tirar rugas,celulite, a por silicone para preencherem esse vazio que sentem, mas têm que estar constantemente a comprar etc, para se preencherem, ou seja nunca "curam" o problema, simplesmente tapam os sintomas, como os placebos (beneron, aspirina)...a felicidade habita no interior de cada homem e tem que ser treinada, não habita no exterior, o exterior é o meio onde expressamos a nossa felicidade, nada mais. Por isso desliguem a televisao, parem de descriminar os outros por não fazerem parte dos padroes considerados belos e so assim é que sentirao a felicidade... como seres sociais que somos, eu preciso de voces para evoluir, sozinha não consigo e voces tambem não. as coisas são assim, porque todos nós as perpetuamos para que assim sejam, se querem realmente mudar alguma coisa, comecem por mudar a voces mesmos e para isso é necessário introspecção e aceitação do que são, depois disso terao a capacidade de ver o que ta "por de tras de...". não sejam consumidos pelo medo...o medo é natural mas somente em ocasioes excepcionais, deixa de ser natural quando somente vivemos dele, como AGORA!
    é hora de abrir os olhos!!!!

    ResponderExcluir
  4. Bom dia, Angeli.

    Gostei do seu blog e dos textos postados. Quanto à dinâmica do século XXI e as relações familiares e de amizade, penso com tristeza sobre uma grande contradição: em tempos de globalização estamos cada vez mais individualizados. As pessoas estão egocêntricas. As mães trocaram o papel de formadora da personalidade dos filhos pelo de trabalhadora e parceira do pai no "ganha-pão". Há uma disputa entre o sentimento humano e o conforto capitalista, relegando o amor e a amizade a segundo plano. As mídias sociais vêm a todo vapor encurtar distâncias e separar (fisicamente) as pessoas. Meu amigo anônimo tem razão: temos motivos para estar com medo...
    Ah, em tempo: gostaria que visitasse meu site - www.dreducacao.com.br - e lesse alguns artigos meus na área da educação, postados no blog. Sou um apaixonado pelo saber e professor por ideologia. Deus a abençoe!

    ResponderExcluir
  5. Durval, obrigada!
    Visitei seu site e gostei muito dos textos. Parabéns!
    Quero apenas ilustrar com uma reflexão acerca de sua colocação:
    "mães trocaram o papel de formadora da personalidade dos filhos pelo de trabalhadora e parceira do pai no ganha-pão".
    Penso que, se fizermos uma análise histórica, as mulheres das classes menos favorecidas sempre estiveram envolvidas com atividades que lhes propiciavam algum provento. Trabalhos informais, de caráter doméstico, pouco reconhecidos, mas ainda assim, parece que havia mais comprometimento com a tarefa de formação dos filhos.

    ResponderExcluir

Vale lembrar, senhor ministro.

Em protesto silencioso, professores vencedores do prêmio Professores do Brasil,   erguem livro de Paulo Freire em foto oficial, com minist...