sexta-feira, 24 de junho de 2011

Os desafios da comunicação

Quem de nós, em seus diversos contextos profissionais, ainda não se sentiu constrangido ao ser questionado sobre uma informação que fora transmitida via e-mail, e para a qual não demos a devida importância?
Não é preciso explanar aqui sobre as estatísticas atuais, para concluir que a rotina diária de trabalho nos expõe a um número tão grande de mensagens eletrônicas, que torna impossível a absorção qualitativa das informações ali expressas. Somos levados a estabelecer “filtros” que sintetizam a leitura, selecionando o que é importante e, humanos que somos, nem sempre o fazemos com 100% de acerto.
Sem nenhuma intenção de ser saudosista, não se pode negar que a era da informação tecnológica por excelência nos impõe desafios redobrados no que tange às estratégias de comunicação e informação, seus limites e possibilidades. Qual é o limite da comunicação via e-mail? Sinalizar uma mensagem eletrônica como de “alta prioridade” é suficiente para que seja compreendida? E ainda: essa comunicação substitui todas as outras?
O desafio de superar as falhas de comunicação nas organizações é antigo. Quadros de avisos, bilhetes e, hoje, as bateladas de e-mails. E continuamos nos perdendo em meio às informações, sem estabelecer propostas reais de comunicação. Sim! A escrita e a leitura não são os únicos meios de comunicação e, em grande parte das vezes, não são capazes de substituir a oralidade. Tenho me deparado com pessoas que, de tão habituadas à comunicação escrita, falam como se estivessem escrevendo. É o fim!
As relações humanas são, por natureza, complexas, permeadas de peculiaridades, muitas vezes conflituosas, mas à medida que nos afastamos do diálogo real, priorizando a comunicação eletrônica, certamente nos afastamos do entendimento, da construção de vínculos de confiança e respeito e, lamentavelmente, desumanizamos as relações.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tecnologia, trabalho e valores

Compartilho o texto abaixo, parte do Boletim “O QUE HÁ DE BOM POR AÍ” número 16, da Cleo Carneiro & Consultores Associados. Gosto muito da abordagem sobre a “mistura” do tempo profissional com o pessoal, da comunicação online sobreposta aos contatos pessoais e da consequente baixa das emoções aí envolvidas. Isto é sentido no dia-a-dia, e nas relações de trabalho, as pessoas deixam de falar, simplesmente escrevem; nas relações entre amigos e familiares não há mais disponibilidade integral, a parafernália eletrônica rouba a atenção o tempo todo. Temos um grande desafio pela frente!


Tecnologia, trabalho e valores

Sabemos que a invenção da imprensa trouxe ao mundo a abertura do conhecimento para legiões de pessoas que até então viviam na ignorância. Nos albores dos anos 90, com a invasão das novas tecnologias eletrônicas que prometiam a elevação da produtividade a níveis nunca antes pensados, era justo que pensássemos que o mesmo milagre iria acontecer.  O mundo ficaria muito melhor. Redução das horas de trabalho, mais lazer, mais horas junto à família ou adquirindo cultura,  e tantas outras coisas boas. Artigo publicado pelo Instituto Ethos www.ethos.org.br em seu boletim “Notícias da Semana” nº 572, escrito por Paulo Itacarambi e Cristina Spéra,  nos faz pensar que talvez as coisas estejam caminhando de maneira bem diferente.
Como a tecnologia invade sua vida em todas as horas, o tempo profissional mistura-se com o tempo pessoal. A comunicação “online” não exige a presença daquele com quem você fala, fazendo com que os contatos pessoais se tornem cada vez mais raros e isso, paulatinamente, faz com que se atenuem as emoções. Deixando de existir a emoção, extingue-se a vida emocional e sem esta não existe vida. Pesquisa recente constatou que na Inglaterra o descanso semanal passou de 48 horas para 27, num claro exemplo de que as pessoas hoje trabalham mais do que ontem. Dizem os autores, que os óbvios malefícios do que ocorre só poderão ser contornados através dos valores. São eles que poderão unir trabalho e emoção, mas que exigirá uma gestão responsável assentada em valores, transparência e diálogo, que tornam o ser humano menos individualista, fazendo-o sentir “que pertence a algo”.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Liderança: Um exercício necessário

“Ao chegar na escola, procure perceber quem é o diretor. Às vezes, o diretor é o inspetor de alunos, o secretário, a merendeira”

Essa fala, ouvi há muitos anos, no curso de pedagogia, da professora que era a nossa supervisora de estágios, e quero abrir essa discussão a partir desse ponto.
É fato que muitos profissionais, nas mais diversas esferas de atuação, ocupam posições hierárquicas que pressupõem a competência para a liderança, contudo esquivam-se de exercitá-la, delegando essa tarefa a terceiros, de forma velada ou não. A essa negligência à condição fundamental de um gestor de pessoas, que é a de ser um líder, chamo de terceirização da liderança.
As consequências dessa postura são, no mínimo, desastrosas. Não se consegue uma dinâmica de trabalho conjunto qualitativo, as iniciativas são pontuais e desarticuladas, as pessoas desmotivam-se com muita facilidade e, em grande parte das vezes, revoltam-se por terem de se submeter às imposições de terceiros.
Diante desse quadro, muitos se perguntam: “Não seria a liderança, um atributo inato? É possível uma pessoa tornar-se um líder?” Penso que sim, contudo só se constitui líder, aquele que se propõe ao pleno exercício da liderança.
Um líder é, sobretudo, um comunicador, um observador atento, um articulador, alguém que não se esquiva de suas responsabilidades, que tem a clareza de que seu papel é propositivo, não lamentando sobre os problemas o tempo todo, e sim, vislumbrando possibilidades. Seu plano de trabalho é claro e objetivo, e este inclui um processo contínuo de auto-desenvolvimento pessoal e profissional.
Nessa linha, muito se tem escrito e discutido sobre a necessidade dos gestores exercerem seu papel de líderes favorecendo o surgimento das lideranças individuais, valorizando e motivando as iniciativas das pessoas, inspirando a inovação e a autonomia, promovendo-as a autoras de suas próprias histórias profissionais.
É certo que a tarefa não é fácil, demanda, especialmente, o desafio de gerir pessoas com autoridade, portanto sem autoritarismo, ferramenta comprovadamente inútil nos dias de hoje. É, portando, um exercício necessário, urgente e, sobretudo, um compromisso a ser assumido e jamais negligenciado.

Vale lembrar, senhor ministro.

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