sábado, 21 de maio de 2011

O embate forma x conteúdo nas relações hierárquicas: Revisando velhos modelos

Tenho observado com maior atenção algumas situações cotidianas acerca da gestão de pessoas nas organizações, especialmente quando se trata dos jovens. Não por acaso. Há algum tempo iniciei estudos mais densos sobre o tema e sigo me sentindo seduzida pelas reais conexões com muito do que já estudei e pratiquei na educação.
Recentemente, estive numa loja de serviços de assistência técnica de celulares e, tentando conter o mau-humor de quem comparecia pela terceira vez à loja e continuava com o aparelho quebrado, observei uma cena que hoje trago à reflexão daqueles que gerenciam jovens.
Um guichê de atendimento. De um lado uma cliente (eu), do outro, uma moça com idade aparente de 16 ou 17 anos e um semblante que denunciava o quanto aquele trabalho era entediante para ela. Enquanto “discutíamos a relação” sobre o aparelho defeituoso, fomos interrompidas pelo vigia da loja que lhe entregou um papel e,  timidamente, proferiu a seguinte frase: “O RH mandou você assinar. Ela disse que já falou com você.”. Não pude me furtar de ler (afora a curiosidade, o papel foi colocado a poucos centímetros dos meus olhos). Era uma advertência. A atendente estava sendo advertida por vestir-se fora dos padrões da empresa.
Não pretendo me ater ao conteúdo em questão, mas sim à forma como foi tratado.
Será que expor a jovem a esse constrangimento faz com que essa empresa extraia o melhor dessa funcionária? Quem é a RH, um ser abstrato que precisa falar através do vigia da loja? Onde estava esse líder que não era capaz de tratar a questão diretamente? E, sobretudo, será que essa RH já parou para pensar que os padrões de vestimenta da empresa podem ser absolutamente novos para a jovem que, talvez, não precise tanto de advertência, e sim de orientação?
Claro que a cena aqui descrita serviu somente de ilustração, já que careceria de uma análise mais criteriosa para ser abordada de forma profunda, mas aos líderes que se utilizam das normas como argumento único de suas exigências, sem se preocupar com a humanidade que cerca esse tipo de assunto, fica o recado: as empresas, cada vez mais, precisam menos de vocês.

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