Em tempos
em que afeto, ou melhor, falta de afeto se torna manchete de jornal, podendo
até custar uma indenização de centenas de milhares de reais, e que o Dia
das Mães, comemorado ontem, gera o segundo maior lucro anual do comércio
nacional, quero discutir um pouco, ou ao menos trazer à discussão, algumas
reflexões.
Que imagens são essas socialmente atribuídas à mãe e ao pai?
Quanto custa a falta de afeto familiar?
Fortemente presente no imaginário coletivo, a ideia de se associar
a figura da mãe a uma “santidade” inabalável, da qual se toma posse eterna no
ato do parto, deveria ser tratada com, no mínimo, mais prudência. Afeto
maternal nem sempre vem da mãe, tanto quanto, a disciplina e a rigidez, socialmente
associadas ao paternal, nem sempre são atos do pai. Como disse
Danuza Leão, em sua coluna jornalística de ontem “Ninguém dá o que não tem”.
Não pretendo desmotivar a discussão, hoje alargada pelo ato do
STJ, ao contrário, penso que a polêmica agora ganha mais combustível para a
derrubada de velhos e ultrapassados modelos em busca de uma visão de afeto
familiar que seja mais condizente com a realidade.
Para ilustrar, quero compartilhar o vídeo que (re) assisti na
última semana ao lado de minha filha, numa atividade escolar oferecida às mães,
e com ele homenagear os pais e as mães, que independentemente de qualquer
conduta social que lhes é atribuída, oferecem a seus filhos o "porto
seguro, o aconchego, o abraço apertado, o
conforto nas horas difíceis"*.
*trecho extraído do
texto Mães Desnecessárias, A.D.