O que é felicidade para você? O que você responderia se estivesse à mesa de um bar, num happy hour com amigos? E se o cenário fosse uma entrevista de emprego? Ou ainda, como você responderia aos 18, aos 30, aos 50 anos de idade?
Dependendo do contexto em que se situa a pergunta, as respostas podem adquirir as mais diversas nuances. A essas variáveis que se relacionam, sobretudo, às experiências internas de cada indivíduo, especialistas no estudo de índices de felicidade, tem chamado de dimensão subjetiva do bem-estar humano.
Em tempos em que a preocupação com a felicidade individual e coletiva tem assumido lugares relevantes na discussão mundial, as pesquisas apontam claramente para a direção de que a dimensão objetiva do bem-estar humano está realmente ligada a melhores condições materiais, qualidade de saúde, moradia, trabalho etc. Como se justifica, inclusive, a PEC da felicidade, acerca da inclusão do direito à felicidade, “Concluiu-se, com base nesse estudo, que pessoas com maior grau de renda se dizem mais felizes (...)”.
Está posto. Não há, até aqui, como rechaçar a ideia de que as condições materiais são relevantes indicadores de felicidade. Ocorre que é no encontro das dimensões objetivas e subjetivas de bem-estar humano que se pode vislumbrar a tão sonhada felicidade.
Há que se superar, portanto, o erro de confundir satisfação de necessidades com felicidade, já que o campo do desejo é indefinido, o que nos faz felizes hoje pode ser totalmente indiferente amanhã. Neste ponto, vale retomar a velha (e atualíssima!) citação freudiana sobre “alcançar a felicidade”: “Não há uma regra infalível que se possa aplicar a todos”.
Para ser mais diretiva, tenho me incomodado um tanto com as atuais pesquisas de índices de felicidade que tentam abranger a esfera do subjetivo pormenorizando-se em questionamentos sobre hábitos e estilos de vida das pessoas. Preocupa-me, não o instrumento em si, mas o encaminhamento que se pretende dar às informações colhidas, se servirão para humanizar as relações nas organizações ou, inversamente, contribuirão para rotular as pessoas.
Sendo assim, todas as iniciativas que, preocupadas em atender à demanda de felicidade das pessoas, seja pela positivação desse direito ou pela busca de mais humanização nas relações, são potencialmente válidas, desde que não tenham a pretensão (ou a ingênua ilusão) de estabelecer critérios únicos de valores para a felicidade, negligenciando as diferenças e propósitos individuais ou, ainda, desconsiderando a sabedoria antiga, que aqui retomo: “Não temos controle sobre as coisas externas a nós”. Logo, a busca da felicidade pode ser entendida como inerente à condição humana, contudo insaciável por princípio.