domingo, 26 de agosto de 2012

Trabalho sem fim?

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Óleo sobre tela de by Franz von Stuck (1863/1928)

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado  pelos deuses a carregar uma grande pedra até o alto de uma montanha e quando chegava lá, a pedra rolava abaixo obrigando-o a retomar o esforço,  num trabalho sem fim.
Trago o mito que deu origem à expressão “trabalho de Sísifo”, para uma representação do que sentimos quando nos deparamos com um trabalho entediante e que parece nunca ter fim, numa breve reflexão do trabalho na escola.
A ideia de trabalho como castigo remete, inversa e imediatamente, à de que somente nas horas de lazer, ou de não trabalho, se pode encontrar alegria ou prazer e, visto por esse ângulo, o dito popular “Descubra algo que você gosta de fazer e você nunca mais terá trabalho” faz muito sentido, servindo como uma espécie de superação do castigo posto. Diante disso, parece muito simples: ninguém mais será penalizado com trabalho à medida que se ocupa daquilo que gosta de fazer, certo? Sim e não. Não se pode negar que há profissionais que se envolvem com trabalhos que são uma espécie de prolongamento de seu lazer, são  tão evidentemente felizes que parece não haver martírio algum em seu cotidiano, contudo, sabemos que a vida profissional, via de regra, não se mostra assim. O dia-a-dia da profissão que escolhemos nos impõe desafios que não antecipamos, com os quais muitas vezes não sabemos lidar e a “pedra” vai se tornando cada vez mais pesada, a “montanha” mais alta e o trabalho, infindo e inócuo.
Na escola, a sensação de trabalho sem fim é agravada pelo fato de que se trabalha com o intangível. Conhecimento não se pode tocar ou medir. Avaliamos comportamentos de aprendizagem, mas muitas vezes, a mudança é tão tênue que nos remete à sensação de fracasso e impotência. Raras são as vezes em que podemos acompanhar a evolução da aprendizagem de um aluno a médio e longo prazo. Trabalhamos com uma lógica imediatista que não condiz com o desenvolvimento humano. E nos frustramos... E acreditamos que nosso trabalho é um sem fim de tentativas vãs... É claro que temos ações bem-sucedidas  que nos enchem de satisfação e energia, mas são os desafios apontados pelo suposto fracasso escolar que nos atormentam, nos tiram o sono e o sossego.
A superação do imaginário do castigo, que se consolida por essa  visão imediatista de sucesso escolar, talvez seja um caminho bastante próspero para o abandono da ideia do “trabalho de Sísifo” na educação. A busca de possibilidades, que se opõe ao apego às dificuldades, pode ser um exercício importante para que possamos envidar esforços reais para uma visão sistêmica de trabalho pedagógico, considerando o “sem fim” como um contínuo na ação do outro e não como algo que teria de ser acabado, posto que o conhecimento é infindo por natureza.

sábado, 25 de agosto de 2012

Bebê que "lê"


Fiquei encantada com esse vídeo, apresentado hoje, por Elvira Souza Lima, no curso "As contribuições da neurociência para a prática educativa”.
Como os neurônios-espelho agem e a criança (desde bebê!) aprende comportamento de leitura!
Observa-se o movimento dos olhos do bebê, as vogais não convencionais para a idade, a seriedade que expressa no ato da "leitura" (ela dá gargalhadas, mas somente quando larga o texto) e o melhor: o afeto que se constrói na relação que o bebê estabelece com o adulto...  É lindo!


Vale lembrar, senhor ministro.

Em protesto silencioso, professores vencedores do prêmio Professores do Brasil,   erguem livro de Paulo Freire em foto oficial, com minist...