segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Falando sobre preconceito: Compreender ou aceitar? Caminhos e descaminhos da fraternidade.


Professor e filósofo, Mário Sérgio Cortella é, indiscutivelmente, um grande destaque na história da educação brasileira, especialmente pela capacidade que tem de tratar temas de conhecimento científico com simplicidade, leveza e simpatia incomparáveis.

Na sua coluna “Escola da Vida” na rádio CBN, em 04/12/2012, quando São Paulo amanhecia sob as manchetes da agressão ao jovem estudante de direito e a decisão do TJ, determinando que o Club Athlético Paulistano aceitasse a inclusão do companheiro de um de seus associados como dependente no título familiar, Cortella falou sobre discriminação e preconceito dando uma legítima aula.

Excertos de sua exposição sobre a diferença entre compreender e aceitar delineiam a ideia de forma simples e clara.

Compreender é fundamental: “ O preconceito não expressa apenas uma opinião, expressa uma insegurança da pessoa em relação ao modo como ela se comporta. Mais do que rejeitar a outra pessoa, há uma certa dúvida em relação ao seu modo de conduta na medida em que outros modos de ser colocam isso em xeque. Por isso, temos que nos perguntar:  se eu tenho preconceito, qual é a fonte desse preconceito, a opinião contrária à minha ou algum espanto ou insegurança que carrego.”

Aceitar ou rejeitar sem antes ter compreendido é preconceito: “Preconceito é um conceito prévio, uma avaliação prévia positiva ou negativa em relação a alguém, a alguma ideia ou alguma coisa. Existe preconceito a favor, por exemplo, eu tenho simpatia a alguém simplesmente porque ela torce pelo mesmo time que eu. O preconceito é sempre anulador do senso crítico já que perturba a capacidade de uma avaliação mais séria. Quando negativo, o preconceito pode se transformar em discriminação, isto é, em afastamento, em recusa, em rejeição à outra pessoa apenas porque ela não é como eu considero correto, por isso a passagem do preconceito à discriminação não é estreita, é larga, podendo chegar até à agressão física, á violência.”

O perigo implícito nos atos de discriminação: “Eu preciso olhar aquele ou aquela que não é como eu, como sendo diferente e não como sendo menos. Eu posso, por exemplo, ter convicções políticas, éticas e partidárias que digam que alguém, que não é como eu, não está no caminho certo, mas isso não dá a mim, de forma alguma, o direito de produzir violência física ou moral contra essa pessoa. E quem o faz é absolutamente inseguro. Toda a vez que se tem de usar o exagero, a exacerbação, o transbordamento, é porque se perdeu a razão. Nesse caso, a violência é, mais que tudo, irracional e tem de ser combatida, pois alguém que é capaz de fazer isso com alguém por  ter uma orientação sexual diferente da sua, será capaz de fazer também com quem tem uma religião diferente, um time de futebol diferente, um partido diferente.”

O verdadeiro sentido da palavra fraternidade: “O diálogo pela paz começa pela  ideia de que você não é obrigado a aceitar, mas precisa compreender, isto é, precisa acolher a possibilidade da diferença. Compreender não é aceitar, fazer com que a pessoa que não é como você seja entendida apenas como uma outra pessoa, embora diferente, é um sinal de dignidade e, aí sim, está o verdadeiro sentido da palavra fraternidade: eu não quero, talvez, ser como o outro é, mas não posso negar que ele seja assim porque ele pode – sim – ser desse modo e, mesmo que eu não aceite, a compreender sou obrigado.”

In: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/mario-sergio-cortella/2012/12/04/ESCOLA-DA-VIDA-COMPREENDER-E-DIFERENTE-DE-ACEITAR-MAS-REJEITAR-SEM-COMPREENDER-E-PRECO.htm

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Da travessia à consciência

fonte da imagem:www.noticiasnx.com.br

Já que estamos comemorando a semana da CONSCIÊNCIA negra, é bem bacana aquecer esse movimento de consciência com um pouco de memória...

Sou declaradamente a favor do sistema de cotas no Brasil! É impossível conhecer a história da escravidão sem se solidarizar com as pessoas que sofrem hoje as consequências de um passado de absoluta crueldade. Desse ponto de vista, comprometer-se politicamente com a reparação não é opção, é humanidade.

A travessia no Atlântico*

"Os navios que negociavam e transportavam escravos eram chamados de navios negreiros ou navios tumbeiros, nome que é derivado de "tumba", devido à quantidade de escravos que morriam em seus porões. Calcula-se que 20% dos escravos africanos embarcados nos tumbeiros morriam durante a travessia pelo oceano Atlântico.

O tumbeiro poderia ser uma nau, um bergantim, uma corveta, dependendo do desenvolvimento tecnológico da época (o tráfico atlântico de escravos durou quatro séculos e durante esse tempo as técnicas de navegação mudaram muito).

Em geral essas embarcações transportavam entre 400 e 500 escravos, todos confinados num porão. Os negreiros (comerciantes de escravos) compravam escravos a mais do que sua embarcação comportava, pois sabiam que perderiam muitas das suas "mercadorias" durante a viagem, e assim superlotavam suas embarcações.

Uma viagem entre Angola e Brasil durava 35 dias. E entre Moçambique e Brasil demorava em torno de três meses. Os alimentos e a água potável transportada por esses navios eram insuficientes até mesmo para a tripulação (trabalhadores do navio), pois não existia nenhuma forma de refrigeração.

Os escravos, confinados na parte mais insalubre do navio, passavam por situações das mais terríveis. Não sabiam onde estavam, ficavam apertados num espaço no qual não podiam ficar em pé ou se deitar, recebiam pouca alimentação com baixo grau de nutrientes (basicamente: feijão, farinha de mandioca e carne seca). Mal recebiam água para beber. E, enquanto isso, pelas frestas da embarcação feita de madeira, a água do mar ia aos poucos invadindo o chão do porão.

Famintos, fracos e doentes, os escravos não tinham mais nada em que acreditar. O desespero era tanto, que alguns dos cativos aceitavam vigiar e punir seus companheiros de sofrimento em troca de um pouco mais de água. Os rebeldes eram, normalmente, envenenados. Os mortos eram atirados ao mar.

Nessa situação de tamanha infelicidade, pessoas que nunca tinham se visto antes, que nem sequer falavam a mesma língua, se ajudavam. Repartiam a pouca comida. Consolavam-se. Essa amizade, essa solidariedade que surgia nos tumbeiros era chamada de malungo, ou seja, amizade de travessia, que algumas vezes se perpetuava para a vida toda.

São comuns os relatos sobre a enorme felicidade dos escravos ao aportarem no Brasil, o que era interpretado na época como se os africanos estivessem alegres por se libertarem da vida pagã africana ao chegar ao mundo cristão americano. Esse foi um dos argumentos mais eficientes para legitimar a comercialização de gente na época."

* Érica Turci. In: "Tráfico de escravos: Mercadoria humana atravessa o Atlântico" (http://educacao.uol.com.br)

domingo, 16 de setembro de 2012

"Simba, torna-te o que és!" Memória como promotora do conhecimento necessário à transformação


A ideia de que o conhecimento é infindo faz da tarefa de ensinar, fundamentalmente, o exercício de evocar o que já se sabe para ampliar, reorganizar e transformar, construindo novos saberes que, a certa altura, promoverão outros, num ciclo sem fim, em que a memória (o passado) estará sempre presente.

Nossa memória, imersa no espírito dos tempos modernos, vincula-se somente a projetos imediatos. Nesse sentido, o filme “O Rei Leão”, traz uma ilustração bastante interessante da importância de se evocar a história pessoal a fim de construir as pontes necessárias entre passado e presente e não suicidar o futuro, no caso, do bando. 

Rafiki, o sábio babuíno que batizou Simba, foi o responsável por abrir-lhe os olhos em relação ao seu passado, provocando-o a superar a apatia, apropriar-se de seu papel na história e tornar-se o verdadeiro rei. Eis um curto diálogo entre os dois personagens:

Rafiki: O tempo está estranho, você não acha?
Simba: É, o vento deve estar mudando.
Rafiki: Oh! Mudar é bom!
Simba: É, mas não é fácil. Eu sei o que tenho que fazer, mas se eu voltar tenho que enfrentar o meu passado. Eu tenho fugido há tantos anos...
(Rafiki dá uma paulada na cabeça de Simba)
Simba: Ai! Ei, que história é essa?!
Rafiki: Não interessa, está no passado! (risos)
Simba: É, mas ainda dói!
Rafiki: É, o passado pode doer, mas do jeito que eu vejo você pode fugir dele ou aprender com ele. Ah! Entende? E o que vai fazer?




Incomodado pelo sábio, Simba, que até então negava sua memória, passa a reconhecer-se como autor de sua história e, portanto, de seu passado, presente e futuro; se vê atormentado pelo desafio de ter que decidir entre assumir suas responsabilidades como rei, ou seguir com seu estilo de vida despreocupado (hakuna matata). Estava estabelecido o desequilíbrio necessário, a ruptura consciente para promover a transformação. O conhecimento, agora sim, renovado, dava margem a novas possibilidades.

Como bem lembra o professor Jean Lauand, a mais famosa sentença de Píndaro – “Torna-te o que és” –  é bastante apropriada nesta interpretação. Simba, esquecido, alheio à sua memória, não era rei, para tornar-se o que era em essência, o papel do sábio foi imperioso. Na carona dessa analogia, deixo uma reflexão/ provocação: Nossa educação escolar carece de sábios, de reis ou sequer precisa desses personagens? 

domingo, 26 de agosto de 2012

Trabalho sem fim?

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Óleo sobre tela de by Franz von Stuck (1863/1928)

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado  pelos deuses a carregar uma grande pedra até o alto de uma montanha e quando chegava lá, a pedra rolava abaixo obrigando-o a retomar o esforço,  num trabalho sem fim.
Trago o mito que deu origem à expressão “trabalho de Sísifo”, para uma representação do que sentimos quando nos deparamos com um trabalho entediante e que parece nunca ter fim, numa breve reflexão do trabalho na escola.
A ideia de trabalho como castigo remete, inversa e imediatamente, à de que somente nas horas de lazer, ou de não trabalho, se pode encontrar alegria ou prazer e, visto por esse ângulo, o dito popular “Descubra algo que você gosta de fazer e você nunca mais terá trabalho” faz muito sentido, servindo como uma espécie de superação do castigo posto. Diante disso, parece muito simples: ninguém mais será penalizado com trabalho à medida que se ocupa daquilo que gosta de fazer, certo? Sim e não. Não se pode negar que há profissionais que se envolvem com trabalhos que são uma espécie de prolongamento de seu lazer, são  tão evidentemente felizes que parece não haver martírio algum em seu cotidiano, contudo, sabemos que a vida profissional, via de regra, não se mostra assim. O dia-a-dia da profissão que escolhemos nos impõe desafios que não antecipamos, com os quais muitas vezes não sabemos lidar e a “pedra” vai se tornando cada vez mais pesada, a “montanha” mais alta e o trabalho, infindo e inócuo.
Na escola, a sensação de trabalho sem fim é agravada pelo fato de que se trabalha com o intangível. Conhecimento não se pode tocar ou medir. Avaliamos comportamentos de aprendizagem, mas muitas vezes, a mudança é tão tênue que nos remete à sensação de fracasso e impotência. Raras são as vezes em que podemos acompanhar a evolução da aprendizagem de um aluno a médio e longo prazo. Trabalhamos com uma lógica imediatista que não condiz com o desenvolvimento humano. E nos frustramos... E acreditamos que nosso trabalho é um sem fim de tentativas vãs... É claro que temos ações bem-sucedidas  que nos enchem de satisfação e energia, mas são os desafios apontados pelo suposto fracasso escolar que nos atormentam, nos tiram o sono e o sossego.
A superação do imaginário do castigo, que se consolida por essa  visão imediatista de sucesso escolar, talvez seja um caminho bastante próspero para o abandono da ideia do “trabalho de Sísifo” na educação. A busca de possibilidades, que se opõe ao apego às dificuldades, pode ser um exercício importante para que possamos envidar esforços reais para uma visão sistêmica de trabalho pedagógico, considerando o “sem fim” como um contínuo na ação do outro e não como algo que teria de ser acabado, posto que o conhecimento é infindo por natureza.

sábado, 25 de agosto de 2012

Bebê que "lê"


Fiquei encantada com esse vídeo, apresentado hoje, por Elvira Souza Lima, no curso "As contribuições da neurociência para a prática educativa”.
Como os neurônios-espelho agem e a criança (desde bebê!) aprende comportamento de leitura!
Observa-se o movimento dos olhos do bebê, as vogais não convencionais para a idade, a seriedade que expressa no ato da "leitura" (ela dá gargalhadas, mas somente quando larga o texto) e o melhor: o afeto que se constrói na relação que o bebê estabelece com o adulto...  É lindo!


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pimentas na inteligência

Pouco se faz referência à importância da educação do olhar



Pimentas são frutinhas coloridas que podem provocar incêndios na boca. Há ideias que se assemelham a elas: podem incendiar os pensamentos. Nietzsche era especialista em ideias incendiárias. Um eremita que vivia na floresta, ao ver Zaratustra descer das montanhas para as planícies, percebeu que ele estava a fim de pôr fogo no mundo com suas ideias. Zaratustra sabia que elas queimavam e que muitos, ao lê-lo, " pensariam que estavam devorando fogo e queimariam suas bocas ".  Mas, para provocar um incêndio, não é preciso fogo. Basta a brasa, um único pensamento...

Van Gogh tem uma tela que representa essa cena: o pai, jardineiro, interrompeu seu trabalho, está ajoelhado no chão, com os braços estendidos para a criança conduzida pela mãe. O rosto do pai não pode ser visto. Mas ele está sorrindo. O rosto-olhar do pai diz para o filho: "Vem. Quero que você ande". É o desejo de que a criança ande que a incita ao aprendizado de algo que não pode ser ensinado com exemplos ou palavras. Aquele pai agachado, braços estendidos, não é uma linda imagem para o educador? A primeira tarefa da educação é ensinar a ver: assim Nietzsche resumiu sua filosofia da educação. É através dos olhos que as crianças tomam contato com o assombro do mundo. Os olhos têm de ser educados para que a alegria aumente. As crianças não veem "a fim de".  Seu olhar não tem objetivo prático. 

Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: "Veja!"- e ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande, fica mais rico interiormente e permite sentir mais alegria e dar mais alegria, razão pela qual vivemos.
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação, didática - mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar  de qualquer referência à educação do olhar, ou à importância do olhar.

" O sentido está guardado no rosto com que te miro " (Cecília Meireles). Não te miro com os meus olhos. Te miro com o meu rosto. É o rosto que desvenda o mistério do olhar. O rosto da mãe revela à criança o segredo do seu olhar. O rosto da criança revela à mãe o segredo do seu olhar.  E o rosto do professor revela ao aluno o segredo do seu olhar.

" O meu lábio zombeteiro faz a lança dele refluir ". (Adélia Prado). Lança? Metáfora para o falo ereto. Mas o lábio zombeteiro  transforma a lança em macarrão cozido...  A lança, humilhada,  se  encolhe, torna-se incapaz do ato do amor. Há uma relação metafórica entre a lança fálica e a inteligência.
Como a lança fálica, a inteligência ou se alonga e levanta para o ato de conhecer, ou se encolhe, flácida e impotente. O olhar de um professor tem o poder de fazer a inteligência de uma criança ficar ereta ou flácida... O lábio zombeteiro do professor faz a inteligência do aluno refluir.

"Formatura": "formar" é colocar na forma, fechar. Um ser humano "formado" é um ser humano fechado, emburrecido. Educar é abrir. Educar é "desformar". Uma festa de "desformatura"...

Rubem Alves Educador e escritor

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A carreira entre pontos e vírgulas

Em alguns momentos da minha vida escolar aprendi que os sinais de pontuação servem para marcar pausas e dar a entonação correta à leitura. Quem de nós nunca ouviu algo do tipo: “Você deve usar a vírgula quando é preciso dar uma paradinha para respirar”.  Durante muito tempo da minha infância tentei praticar o exercício “aeróbico-ortográfico” nas minhas leituras e me frustrava com o resultado que roubava toda a beleza do texto... E o que dizer sobre a incoerência do nome do ponto final?! Eu não conseguia encontrar o fim no tal ponto.

Não se sabe ao certo em que momento da vida essas reflexões infantis, tão docemente ingênuas e autênticas, vão sendo substituídas pelas ponderações da maturidade e a vida vai se apresentando como um grande texto para o qual descobrimos que não há nenhuma explicação razoável para sua pontuação.

Vamos aprendendo que as vírgulas podem ser grandes arrancadas e que substituem muito bem os pontos finais, já que estes, em determinados momentos, nos impedem de ir além, mas em contrapartida, percebemos que não adianta insistir em vírgulas, quando algo que não está sob o nosso comando já determinou o final. Essa pode ser a melhor hora para a inclusão de novos pontos de interrogação, pois, mesmo que não haja respostas prontas, parece que o tempo se encarrega de trazê-las.

E as reticências?! Verdadeiras e preciosas pausas! Presentes que se pode oferecer ao outro para que tenha a possibilidade de ir além de você, de ir além do que você planejou, do que você pensou.

Essa brincadeira metafórica é o que me vem à mente para anunciar a pontuação de um novo ciclo no meu projeto de vida: começo a rascunhar a história do meu mestrado em Educação. A necessidade de buscar novos desafios em minha trajetória profissional me fez procurar meios de ressignificá-la, de atribuir-lhe mais sabor.

Em algum momento do percurso, aprendi que projeto de vida inclui projeto de carreira. Humanos que somos, não separamos a vida em duas, ou três... Projetar a vida é permitir-se alçar novos voos, buscar sabor e sentido em tudo que se vive. Nos últimos tempos, ponderei que o sentido da minha carreira é mesmo a Educação, mas que há muitos novos sabores a serem experimentados e sua trama ainda não admite pontos finais
Vivemos um eterno e delicioso rascunho, corrigindo aqui e acolá e, quando é impossível apagar, mudando toda a estrutura do texto para retomar o percurso, aventurando-se por novos caminhos, transformando medos em desafios, “ortografando” nossas histórias...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Afeto: Quem dá mais?


Em tempos em que afeto, ou melhor, falta de afeto se torna manchete de jornal, podendo até custar uma indenização de centenas de milhares de reais, e que o Dia das Mães, comemorado ontem, gera o segundo maior lucro anual do comércio nacional, quero discutir um pouco, ou ao menos trazer à discussão, algumas reflexões. 

Que imagens são essas socialmente atribuídas à mãe e ao pai? Quanto custa a falta de afeto familiar? 

Fortemente presente no imaginário coletivo, a ideia de se associar a figura da mãe a uma “santidade” inabalável, da qual se toma posse eterna no ato do parto, deveria ser tratada com, no mínimo, mais prudência. Afeto maternal nem sempre vem da mãe, tanto quanto, a disciplina e a rigidez, socialmente associadas ao paternal, nem sempre são atos do pai. Como disse Danuza Leão, em sua coluna jornalística de ontem “Ninguém dá o que não tem”.

Não pretendo desmotivar a discussão, hoje alargada pelo ato do STJ, ao contrário, penso que a polêmica agora ganha mais combustível para a derrubada de velhos e ultrapassados modelos em busca de uma visão de afeto familiar que seja mais condizente com a realidade.

Para ilustrar, quero compartilhar o vídeo que (re) assisti na última semana ao lado de minha filha, numa atividade escolar oferecida às mães, e com ele homenagear os pais e as mães, que independentemente de qualquer conduta social que lhes é atribuída, oferecem a seus filhos o "porto seguro, o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis"*.





*trecho extraído do texto Mães Desnecessárias, A.D.

domingo, 29 de abril de 2012

Simples Assim...

Quem de nós nunca foi surpreendido por um agente de trânsito sisudo e intolerante a advertir ou multar pessoas com gestos impacientes e grosseiros (ou até palavrões)?
Em tempos de mudanças em nosso código de trânsito, mais uma vez vem à tela o papel da educação no processo de conscientização das pessoas para o trânsito seguro. Alguns crêem que a escola tem papel central no aporte às novas condutas, outros defendem que os investimentos em sinalização e mídia informativa sejam maiores e muitos advogam a favor do endurecimento das penalidades a condutores infratores, mas pouco se fala no papel formativo do agente de trânsito.
O vídeo abaixo mostra o quanto pode ser simples o ato de educar no trânsito: conteúdo e respeito permeados por gentileza.


Vale lembrar, senhor ministro.

Em protesto silencioso, professores vencedores do prêmio Professores do Brasil,   erguem livro de Paulo Freire em foto oficial, com minist...