Historicamente, em termos de processo produtivo, sempre
houve uma cisão entre os que pensam e os que executam. Nesse contexto, aqueles que pensam têm um status que os coloca em
posição superior em relação àqueles que "colocam a mão na massa".
Se fizermos uma reflexão abreviada sobre essa realidade, logo concluímos o quanto é falha, afinal, se
quem executa uma determinada tarefa, o faz de forma absolutamente mecânica, a
tendência é de que o produto final nunca atinja com eficácia os objetivos de
quem planejou/pensou o processo produtivo, isto porque quem não entende o
processo como um todo, não consegue intuir ou tomar decisões para adaptar,
adequar ou mesmo minimizar eventuais distorções, por exemplo.
E na área da Educação? Será possível apartar o pensar do fazer num campo profissional que trabalha com produção e construção
de conhecimento?
Penso que essa seja uma questão para ser analisada sob incontáveis pontos de vista, mas quero me ater a apenas um deles.
Sim, sempre houve, na Educação, pessoas que se debruçam
sobre a pesquisa e a produção científica e sua contribuição é indiscutível,
afinal, como pensar em desenvolvimento educacional sem pesquisa?
De outro lado, não se pode negar que, ao mesmo tempo, sempre
houve quem desenvolvesse seu trabalho sem a menor reflexão sobre suas pautas
teóricas, seja no exercício docente, seja na gestão/administração escolar.
Dessa forma, admito que essa prática é totalmente factual na
área da Educação, embora lamentável. Contudo, o que sempre me incomodou, e a
cada ano de trabalho incomoda mais ainda, é uma espécie de arrogância intelectual que gira em torno dessa matéria.
De forma velada (ou não!), alguns daqueles que desenvolvem
pesquisas e que se mantêm ativos no meio acadêmico, classificam como “tarefeiros”
aqueles profissionais (seus pares) que cumprem as atribuições que lhe são
impostas.
Veja: do ponto de vista das minhas concepções – aquelas que estruturei
ao longo da vida acadêmica em associação à minha trajetória de trabalho –, posso/devo
questionar, concordar ou discordar
daquilo que me é imposto fazer, contudo, a par e passo dessa postura
questionadora estão meus deveres enquanto trabalhador vinculado a um sistema, seja público
ou privado.
Portanto, da mesma forma que o profissional que não reflete
sobre sua prática e não investe em conteúdo teórico não contribui para o
desenvolvimento do processo, aquele que tem um vasto conhecimento/ produção acadêmica, mas desqualifica qualquer prática que não vá ao encontro de suas concepções, rotulando colegas e
inviabilizando processos, é igualmente
pouco importante para a transformação da Educação.
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