domingo, 16 de agosto de 2015

Pesquiso, logo pratico. Pratico, logo pesquiso.

Historicamente, em termos de processo produtivo, sempre houve uma cisão entre os que pensam e os que executam.  Nesse contexto, aqueles que pensam têm um status que os coloca em posição superior em relação àqueles que "colocam a mão na massa".     
 
Se fizermos uma reflexão abreviada sobre essa realidade, logo concluímos o quanto é falha, afinal, se quem executa uma determinada tarefa, o faz de forma absolutamente mecânica, a tendência é de que o produto final nunca atinja com eficácia os objetivos de quem planejou/pensou o processo produtivo, isto porque quem não entende o processo como um todo, não consegue intuir ou tomar decisões para adaptar, adequar ou mesmo minimizar eventuais distorções, por exemplo.

E na área da Educação? Será possível apartar o pensar do fazer num campo profissional que trabalha com produção e construção de conhecimento?

Penso que essa seja uma questão para ser analisada sob incontáveis pontos de vista, mas quero me ater a apenas um deles.

Sim, sempre houve, na Educação, pessoas que se debruçam sobre a pesquisa e a produção científica e sua contribuição é indiscutível, afinal, como pensar em desenvolvimento educacional sem pesquisa?

De outro lado, não se pode negar que, ao mesmo tempo, sempre houve quem desenvolvesse seu trabalho sem a menor reflexão sobre suas pautas teóricas, seja no exercício docente, seja na gestão/administração escolar.

Dessa forma, admito que essa prática é totalmente factual na área da Educação, embora lamentável. Contudo, o que sempre me incomodou, e a cada ano de trabalho incomoda mais ainda, é uma espécie de arrogância intelectual que gira em torno dessa matéria.

De forma velada (ou não!), alguns daqueles que desenvolvem pesquisas e que se mantêm ativos no meio acadêmico, classificam como “tarefeiros” aqueles profissionais (seus pares) que cumprem as atribuições que lhe são impostas.

Veja: do ponto de vista das minhas concepções – aquelas que estruturei ao longo da vida acadêmica em associação à minha trajetória de trabalho –, posso/devo questionar, concordar ou discordar daquilo que me é imposto fazer, contudo, a par e passo dessa postura questionadora estão meus deveres enquanto trabalhador vinculado a um sistema, seja público ou privado.

Portanto, da mesma forma que o profissional que não reflete sobre sua prática e não investe em conteúdo teórico não contribui para o desenvolvimento do processo, aquele que tem um vasto conhecimento/ produção acadêmica,  mas desqualifica qualquer prática que não vá  ao encontro de  suas concepções, rotulando colegas e inviabilizando processos, é igualmente  pouco importante para a transformação da Educação.

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