sábado, 10 de maio de 2014

Com que mãe eu vou?


Um casal. Duas mães. Com qual passar o Dia das Mães?

Quem de nós não conhece histórias de desentendimentos familiares em datas comemorativas como o Dia das Mães? Mães que não aceitam ser “trocadas” pela sogra, filhos (as)  que se sentem divididos entre agradar a mãe e o (a) cônjuge etc.

Se buscarmos uma solução objetiva para a questão, teríamos uma proposta: a esposa fica com a mãe dela e o esposo com a dele. Resolvido. E teríamos uma comemoração de meias famílias. Resolvido?

Eu poderia elencar muitas soluções criativas que as pessoas encontram para agradar gregos e troianos nessas situações, mas não é meu objetivo.

Não pretendo apresentar uma solução para esse dilema familiar, somente fazer algumas provocações.

Podemos partir de um princípio inconteste:

O Dia das Mães é uma data criada com o objetivo implícito de obtenção de lucro.

É curioso observar que todas as datas comemorativas acompanhadas da “necessidade” de se comprar presentes não têm nenhuma origem histórica, exceto o Natal. Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados. Quais os fatos históricos que deram origem a cada uma dessas datas? Nenhum.

Alguém poderia argumentar: “Ah, mas o Dia dos Namorados é comemorado no dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro!” Verdade, mas o a história que acompanha a data é a de Santo Antonio, não dos namorados. O Dia dos Namorados foi “instalado” no dia de Santo Antonio, e não por acaso. Poderia ser, inclusive, o Dia dos Casados, mas certamente geraria menos lucro.

Partindo desse princípio, podemos dizer que há muitas convenções a serem desconstruídas, pois não fazem o menor sentido.

Em outras palavras, a questão não seria discutir se o presente deve ser um jogo de panelas ou um jogo de maquiagem, por exemplo, – até porque há mães que não se maquiam e mães que adoram cozinhar com panelas novas e bonitas – a questão é desconstruir essa obrigatoriedade de se comprar um presente.

Penso que – um dos – caminhos deva ser o diálogo em família. As crianças devem ser provocadas a refletir sobre as convenções e não reproduzi-las de forma acrítica. Elas podem, no futuro, escolher adotar todas essas convenções, mas conscientes de que são convenções, o que considero improvável.


Assim, se datas como essa são tomadas como pretextos para agregar a família, ótimo! Mas se, ao contrário, são motivos para desentendimentos, brigas e frustrações, está na hora de rever valores.

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