Um casal. Duas mães. Com qual passar o Dia das Mães?
Quem de nós não conhece histórias
de desentendimentos familiares em datas comemorativas como o Dia das Mães? Mães
que não aceitam ser “trocadas” pela sogra, filhos (as) que se sentem divididos entre agradar a mãe e
o (a) cônjuge etc.
Se buscarmos uma solução objetiva
para a questão, teríamos uma proposta: a esposa fica com a mãe dela e o
esposo com a dele. Resolvido. E teríamos uma comemoração de meias famílias. Resolvido?
Eu poderia elencar muitas
soluções criativas que as pessoas encontram para agradar gregos e troianos nessas
situações, mas não é meu objetivo.
Não pretendo apresentar uma
solução para esse dilema familiar, somente fazer algumas provocações.
Podemos partir de um princípio inconteste:
O Dia das Mães é uma data criada
com o objetivo implícito de obtenção de lucro.
É curioso observar que todas as
datas comemorativas acompanhadas da “necessidade” de se comprar presentes não
têm nenhuma origem histórica, exceto o Natal. Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados. Quais os fatos históricos que deram origem a cada
uma dessas datas? Nenhum.
Alguém poderia argumentar: “Ah,
mas o Dia dos Namorados é comemorado no
dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro!” Verdade, mas o a história
que acompanha a data é a de Santo Antonio, não dos namorados. O Dia dos Namorados foi “instalado” no dia
de Santo Antonio, e não por acaso. Poderia ser, inclusive, o Dia dos Casados, mas certamente geraria
menos lucro.
Partindo desse princípio, podemos
dizer que há muitas convenções a serem desconstruídas, pois não fazem o menor
sentido.
Em outras palavras, a questão não
seria discutir se o presente deve ser um jogo de panelas ou um jogo de
maquiagem, por exemplo, – até porque há mães que não se maquiam e mães que
adoram cozinhar com panelas novas e bonitas – a questão é desconstruir essa obrigatoriedade de se comprar um presente.
Penso que – um dos – caminhos deva
ser o diálogo em família. As crianças devem ser provocadas a refletir sobre as
convenções e não reproduzi-las de forma acrítica. Elas podem, no futuro,
escolher adotar todas essas convenções, mas conscientes de que são convenções, o que considero improvável.
Assim, se datas como essa são
tomadas como pretextos para agregar a família, ótimo! Mas se, ao contrário, são
motivos para desentendimentos, brigas e frustrações, está na hora de rever valores.
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